sábado, dezembro 30, 2006

Um novo ano com mudanças, para melhor!


Uma amiga brasileira, através de alguns textos apresentou-me Edson Marques, filósofo do amor, amante da liberdade, transgressor por essência e rebelde por convicção. Em jeito de votos para um excelente 2007 deixo, da sua autoria, este belíssimo
Mude
Mas comece devagar, porque a direção
é mais importante que a velocidade.
Mude de caminho, ande por outras ruas,
observando os lugares por onde você passa.
Veja o mundo de outras perspectivas.
Descubra novos horizontes.
Não faça do hábito um estilo de vida.
Ame a novidade.
Tente o novo todo dia.
O novo lado, o novo método, o novo sabor,
o novo jeito, o novo prazer, o novo amor.
Busque novos amigos, tente novos amores.
Faça novas relações.
Experimente a gostosura da surpresa.
Troque esse monte de medo por um pouco de vida.
Ame muito, cada vez mais, e de modos diferentes.
Troque de bolsa, de carteira, de malas, de atitude.
Mude.
Dê uma chance ao inesperado.
Abrace a gostosura da Surpresa.
Sonhe só o sonho certo e realize-o todo dia.
Lembre-se de que a Vida é uma só,
e decida-se por arrumar um outro emprego,
uma nova ocupação, um trabalho mais prazeroso,
mais digno, mais humano.
Abra seu coração de dentro para fora.
Se você não encontrar razões para ser livre,
invente-as.
Exagere na criatividade.
E aproveite para fazer uma viagem longa,
se possível sem destino.
Experimente coisas diferentes, troque novamente.
Mude, de novo.
Experimente outra vez.
Você conhecerá coisas melhores e coisas piores,
mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança,
o movimento, a energia, o entusiasmo.
Só o que está morto não muda!

quinta-feira, dezembro 28, 2006

Renascimento - Um conto sobre a amizade



Foram tempos tenebrosos, aqueles. Por mais belos que estivessem os dias, por mais luminosidade que as manhãs daquele verão quente lhe oferecessem, ela continuava indiferente mergulhada nas trevas para onde, por sua culpa, se tinha atirado. “Deixaste-te cair no mais fundo dos abismos e porquê? Para quê? Estúpida! Burra!” pensava para consigo.

Havia já uns anos que tinha tatuado no corpo e na alma a palavra perda. Devido a essa perda e ao brutal desgosto que lhe adveio, isolou-se do mundo. Tornara-se uma solitária; por vezes era lobo outras capuchinho vermelho, conforme a telha. O que queria mesmo era não resistir àquela dor que lhe moía a alma e lhe magoava o corpo. Resistiu; odiava-se por isso.

Como se não bastasse, tinha tido nos últimos tempos um comportamento verdadeiramente vergonhoso. Sentia nojo de si própria. Aquela solidão excessiva estava a endoidecê-la.

Mas, apesar da sua alma ansiar por sair do buraco em que se encontrava, a sua razão não lhe facilitava a tarefa. Incompreensivelmente, ela tinha prazer no que sentia. “És mesmo uma anormal! Se ao menos percebesses porque gozas por chafurdar na lama!” mas não conseguia perceber porque tinha feito aquilo. O entendimento do que se passava consigo, era algo que o seu cérebro já não processava; talvez para se defender de algum curto-circuito que definitivamente a mandasse para o limbo. Tinha perdido tudo; discernimento, coragem, crédito e, sobretudo, amor-próprio. Apenas lhe restava aquele poço onde se deixara cair.

Agarrou-se como náufraga à sua culpa e à sua dor apenas para sentir alguma coisa e inconscientemente sobreviver. “Viraste uma masoquista emocional, minha maluca! Por quanto tempo terei paciência para me aturar?”

Toca uma ária da Cavalleria Rusticana, ela sai do torpor em que se encontrava e atende o telemóvel.

- Tá lá? - Ouviu uma voz feminina perguntar. - Ó mulher o que é feito de ti que ninguém te vê? Telefonei para saber se estás viva, pá!

- Tou viva tou, infelizmente! O que queres?

- Ó pá o que te aconteceu? Bolas, não te oiço bem, parece que falas do fundo de um poço! - Dizia a voz entrecortada com pancadinhas no telemóvel.

- E falo! Tou no mais fundo dos poços e tou muito bem. Liga-me no dia do meu funeral. Tchau! - Desligou. “Puxa, como é que esta gaja adivinhou que eu estava num poço? O raio que a parta!” pensou. Adormeceu.

Acordou sobressaltada com o toque insistente da campainha da sua porta. A resmungar, despenteada e trôpega abriu a porta sem sequer tentar, antes, saber quem era.

- Ai mulher, como tu estás, pareces uma morta viva daquelas saídas de um filme de terror de terceira categoria! - Disse Sofia com uma grande dose de horror estampada no rosto. - O que se passa contigo? Ainda não superaste pois não, amiga? Mas já lá vai tanto tempo, querida. Deixa-me ajudar-te! - Disse-lhe abraçando-a.

- Fiz uma coisa horrível que quero contar-te! - Respondeu. Depois de desfiar todo rosário do seu pecado, perscrutou o rosto de Sofia tentando perceber se esta iria continuar sua amiga. Sofia limitou-se a abraçá-la e disse-lhe numa voz imperativa que não admitia ser contrariada:

- Vai pôr-te bonita. Vamos sair!

Como um autómato, lá foi para o duche e a seguir vestiu o primeiro trapo que lhe apareceu mal abriu o roupeiro. Quando surgiu à frente de Sofia, esta olhou-a franzindo o sobrolho e disparou:

- Se não consegues melhor que isso, tudo bem. Vamos!

Viu-se arrastada para uma esplanada onde se encontravam Ana e Paula que ficaram estupefactas ao vê-la.

- Já sei que não estou uma beleza, mas livrem-se de dizerem uma palavra. Tenho de vos contar uma coisa horrorosa que fiz!

E lá contou a história de novo, enquanto Sofia revirava os olhos enfadada.

Ficou à espera de uma reacção de forte desaprovação mas Ana e Paula limitaram-se a dizer-lhe: - Foi feio o que fizeste, mas vais torturar-te para o resto da vida? - E ainda:

- Será, que viraste sado-maso e encontraste um novo lenitivo para a tua vida? Esquece mulher, pecados, todos nós cometemos, caramba!

Meia hora depois chegou Cândida com o marido, João. Sem mais delongas, lá lhes contou o que tinha feito. Ana e Paula enfastiadas bebericavam as suas colas bacardi enquanto Sofia estava à beira de um ataque de nervos.

- De facto, querida, isso nem parece teu, mas pronto, dá para ver que estás imensamente arrependida e é isso que importa! - Disse Cândida olhando João de um modo autoritário solicitando-o para a apoiar.

- Não te importes mais com isso! - Foi o que saiu ao pobre homem, acompanhado de um encolher de ombros.

A tarde corria inexoravelmente, quando surgiram Inês, Susana, Miguel e Pedro. Depois dos “Ah” e “Oh” de surpresa por a verem viva, apesar da cara de prisioneira de guerra, ela preparou-se para voltar à carga com a sua história. Sofia não aguentou mais e berrou:

- Arre, já chega mulher, não aguento uma quarta vez! Já toda a gente percebeu que fizeste porcaria e da grossa, mas por favor, não estejas numa de Egas Moniz a carregar com as culpas do mundo e tira o raio da corda do pescoço; até parece que mataste ou roubaste alguém, caraças! Se queres continuar com essa história, o melhor é escreveres um mail e enviá-lo à malta que falta.

- Se calhar achas que aqui o pessoal é tudo uma cambada de santos! - Disse Paula dando uma risada. – Sabes? Agora até gosto mais de ti porque percebo que também falhas e fazes porcaria. Olha que às vezes até me irritavas!

- Só falta perdoares-te a ti mesma! - Acrescentou Ana.

- É, pelo menos agora pareces um pouco mais humana aos nossos olhos. – Disse Cândida. – A minha esperança de te ver um dia completamente solta é neste momento muito maior. Solta-te mulher!

- Desde que não sejam gases, por favor! - Rematou João.

Pela primeira vez, em muito tempo, deu uma sonora gargalhada. Reparou que o céu tinha azulado mais e deixou que a luz do sol lhe penetrasse morna e doce o rosto. Estava rodeada de gente que verdadeiramente a amava, apesar das suas neuras solitárias, longuíssimos silêncios e pecados. Queria voltar a viver e sair daquele maldito estado de alma a que ser humano nenhum deveria condenar-se eternamente. Desde muito jovem que aprendeu o significado das palavras amizade, perdão, tolerância, esperança e solidariedade. Desta vez, apreendeu-lhes o sentido e cresceu imenso como pessoa. Olhou para cada um daqueles maravilhosos seres em jeito de reconhecimento por estarem ali, por existirem, por a amarem.

Renasceu.

terça-feira, dezembro 19, 2006

Hoje lembrei-me de ti

























Ao responder a um tópico de um fórum lembrei-me de ti. Fui ao meu baú de memórias e encontrei este soneto que escrevi, naquela altura tão dolorosa em que te perdi. Vou deixá-lo neste meu diário, mais ou menos, público. Merece-lo!


Soneto triste

Vem garra adunca da agonia lenta
Massacra o corpo que escapar nem tenta
Do sangue que a mísera carne verte
Já nem a sente a minha alma inerte

Em rancor e ira meu amor se converte
Tão longe de mim estava perder-te
Eu que de mágoas parecia isenta
Ignorava quão grande seria a tormenta

Atada à tristeza está minha vida
Que por setas certeiras foi ferida
Frágil, balanço como um raminho

Chora comigo fonte do caminho
Grita comigo ave do teu ninho
Sintam comigo a dor de estar vencida

(Duca)

sábado, dezembro 16, 2006

A Montanha Pariu Um Rato

Mais uma vez a montanha (o alarido da comunicação social) pariu um rato (suspensão do processo movido pelo Dexia contra José Veiga, por dívida de 1,5 milhões de euros).

Esperemos que com Maria José Morgado como coordenadora da investigação do processo apito dourado, as coisas não fiquem em águas de bacalhau como quase sempre acontece, e os responsáveis sejam julgados e condenados. O nosso sistema judicial precisa urgentemente de alguma credibilidade!

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Morreu Augusto Pinochet


Morreu um dos homens mais cruéis da história do pós-guerra. Augusto Pinochet, morreu sem ser condenado pelos seus hediondos crimes, junto da família.
Deixou milhares de órfãos no seu país. Deus tenha compaixão da sua pobre e triste alma.

Tenho, no entanto, que dizer que o surgimento na cena política internacional de ditadores como Pinochet, se deve ao facto de existirem indivíduos como Salvador Allende e vice-versa.

Antes que aqueles que se posicionam em termos ideológicos à esquerda desatem a chamar-me nomes, peço o favor de primeiro lerem e depois aquilatarem sobre o que penso.

Numa pequena resenha histórica, Ferreira Fernandes na sua crónica “Bilhete Postal” do Correio da Manhã de hoje, lembrou e bem, que a primeira tentativa de colonização do Chile foi feita pelo espanhol Diogo Almargo rival do conquistador do Peru, Francisco Pizarro.

Ora, Almargo não chegou a colonizar o Chile porque se convenceu que este país nada valia voltando então ao Peru, considerado à época, a terra do ouro.

A verdade é que da parte de Diogo Almargo houve um tremendo equívoco pois o Chile valia mais que qualquer país vizinho.
As ditaduras que eram apanágio nos outros países da América Latina, não viriam a existir no Chile, salvo raríssimas excepções.

De facto, o Chile teve bons governantes, exército e marinha respeitadores da Constituição e um povo mais feliz do que os restantes latino-americanos.

Então, porque raio quis Salvador Allende para o Chile, um modelo comunista soviético que mais não era que uma ditadura de esquerda que teve como principal representante, um monstruoso ditador chamado Estaline cujas mãos ficaram manchadas com o sangue de 22 milhões de russos?

Porque raio Salvador Allende, considerado um homem de bem, com bom carácter e inteligente, se deixou enganar por tal modelo ao ponto de o querer para os chilenos?

Porque raio Salvador Allende deixou um país economicamente forte à beira da banca rota?
Não terá sido este, o rastilho de pólvora de um golpe de estado ditatorial de direita liderado por uma bomba de consequências terríveis chamada Augusto Pinochet?

Sinceramente, não consigo deixar de pensar nisto, até porque, em Portugal tivemos uma situação bastante parecida.

Devido aos exageros e deslumbres de uma primeira república portuguesa pluripartidária, muitos foram aqueles que querendo molhar o bico, fizeram constantes golpes de estado, com consequências desastrosas para a economia do nosso país colocando-o, também, à beira da banca rota, dando azo ao aparecimento de um ditador chamado Oliveira Salazar.
Não, não sou fascista, sou uma simples democrata que detesta todas as formas que as ditaduras podem tomar e alguém que não sendo ceguinha, tenta não se deixar manipular - pois gosta de pensar pela sua cabeça - e se está nas tintas para o politicamente correcto.

sexta-feira, dezembro 08, 2006

Um pouco de poesia






















De vez em quando apetece-me escrever poesia e quando o faço, saem-me quase sempre sonetos. Aqui deixo um.

SEDUÇÃO

Primeiro olham-se, quase a medo
Os corações soltam-se do degredo
De novo se olham num devaneio
Com seduções de permeio

Delírio!

Nos corpos há desejos contidos
De toques e mãos envolventes
Que lhes entorpecem os sentidos
E lhes devassam as mentes

Desvario!

Olhos incandescentes, bocas ávidas
Corpos nus numa união sem pudor
Saliva, suspiros, palavras gemidas

Excitação!

Pernas entrelaçadas com ardor
Suor, gritos, carnes vertidas
Seivas que inundam amor

Explosão!

(Duca)

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Lesboa Party II - Rescaldo de uma festa

Acompanhada por duas amigas, encontrei-me em Alcântara com outras duas e três penduras de última hora, para seguirmos rumo a um restaurante russo que fica na Calçada da Tapada, bem próximo do local da Lesboa Party.

O jantar decorreu alegremente. A comida era muito saborosa, não fosse o alho a mais, seria excelente. Na verdade, estávamos com receio de ficar com um hálito pouco recomendável, não fosse surgir uma oportunidade daquelas e afinfarmos com um beijo demolidor na outra pobrezinha que desmaiaria pela certa, não pelo beijo, mas pelo cheiro.

Cinco garrafas de vinho tinto Borba escorregaram pelas goelas de oito mulheres, sem apelo nem agravo, dando o mote para o que viria a ser uma noite de boa disposição.

Terminado o jantar e consequentes idas ao toilette para passar fio dental, verificar se o hálito se mantinha próprio para consumo e um jeito na maquillage, lá nos metemos nos respectivos carros em direcção à festa.

Chegadas ao local, colocaram-me uma pulseira de papel que me garantia a livre entrada e saída da festa, mas que destoava com o meu traje que era demasiado chic para tal acessório. Após a recolha da senha relativa à bebida escolhida que o bilhete oferecia, fomos brindadas pela recepção de uma bonita menina em long dress que, com um sorriso que a ocasião impunha mas que não deixava de ser simpático, nos ofereceu uns shots.

O espaço era bonito, amplo e bastante iluminado.

No palco, que ficava na zona da DJ e da pista de dança, estavam a actuar um grupo que mais tarde soube chamarem-se O’QueStrada, cuja vocalista cantava umas misturas de fado, pop, ritmos africanos, brasileiros e caribeños. Sinceramente não posso avaliar correctamente a sua actuação, porque a minha atenção estava focalizada no universo feminino que se encontrava na festa.

Relativamente à primeira edição reparei, por um lado, que haviam menos mulheres e menos glamour, por outro lado, a música melhorou substancialmente convidando à dança, assim como, o serviço de bares.

Se na primeira edição a circulação pelo local era garantia de lavagem de vistas, nesta segunda edição circular era pura perda de tempo pois as babes concentravam-se na pista, abanando os corpos de acordo com o som e olhando sedutoramente, muitas vezes para ninguém, apenas fazendo pose.

Cinco da manhã, a música começou a ficar demasiado martelada e nós resolvemos que a noite tinha terminado.

Quando cheguei ao carro, os meus pés gritavam por socorro e troquei os sapatinhos de cinderela pelos botins confortáveis que lá tinha deixado.

Concluindo, gostei da festa que, no geral, esteve melhor que a da primeira edição, salvo no glamour que nesta esteve escasso, o que também se compreende dado que muitas das mulheres que foram à primeira não foram a esta – talvez por causa do feriado que precedeu o fim de semana e que terá levado muita gente para fora de Lisboa – e no acesso, já que muita gente não conhecia o local e viu-se na contingência de palmilhar um bom bocado de caminho a pé.

Parabéns à organização e que a terceira edição deste evento seja ainda melhor e em breve.

domingo, dezembro 03, 2006

Agradecimento


Existe um blog brasileiro erótico-lésbico de excelente qualidade. Este blog não se limita a ter um nome muito sugestivo - Uva Na Vulva - e imagens descomplexadas de enorme qualidade; na verdade, é um blog onde a criatividade, o cuidado com os textos e a escolha dos temas é uma constante.

Ora, fiquei muito feliz quando a sua autora me pediu autorização para publicar no seu blog o meu texto “Straights e Marmanjas”. Claro que autorizei (havia alguma dúvida?) e ele já lá está.

Portanto, quero agradecer à autora do Uva Na Vulva, BF, a honra que me deu.

Numa pesquisa em qualquer motor de busca, poderão encontrar o blog, já que eu ainda não aprendi a utilizar as ferramentas que me permitam escrever um nome com a hipótese de imediato acesso à página em questão. O que querem? Sou uma completa lerda nestas novas tecnologias, mas prometo que quando aprender (se alguém me ensinar) ponho os meus blogs favoritos aqui.