quarta-feira, novembro 02, 2011

O referendo grego


Já se percebeu que os gregos não são como nós portugueses! Eles mandam os "brandos costumes" para as urtigas e vão mesmo para a rua fazer mossa!
Ora, em qualquer país do mundo, as altas patentes militares estão sempre à coca, na expectativa de lhes darem boas razões para fazerem um golpe de estado de cariz militar! As razões são quase sempre relacionadas com desacatos da população em larga escala - farta de pagar pelas más políticas e a ganância de alguns - que têm como consequência o caos e, naturalmente, a ingovernabilidade.
Como se sabe, há uns dias os generais gregos em cargos de decisão foram substituídos. Isto, porque, diz-se - e como não há fumo sem fogo - já andavam a preparar um golpe de estado.
A História é profícua em nos provar que um golpe de estado de cariz militar, seja de direita ou de esquerda, é o pior que pode acontecer a um país e a um povo.
Assim, o primeiro ministro grego resolveu seguir a via do mal menor. Ao anunciar a necessidade de colocar a responsabilidade nos ombros do povo grego de decidir se quer mais austeridade por via de novas tranches de dinheiro da UE, ou não.
Com esta decisão, retira ao povo o direito de vir para a rua manifestar-se, independentemente do resultado do referendo, e retira, também, aos militares os motivos para fazerem um golpe de estado porque não há desacatos nem caos, nem ingovernabilidade!
Genial da parte de Giorgos Papandreou? Não! Apenas o desejo de ficar muito bem na fotografia - como bom descendente dos seus antepassados precursores da democracia - num momento de puro desespero onde a saída dele era mesmo só esta, não tenhamos a mais pequena dúvida!
Tivesse ele outra hipótese que não a do referendo e teria mandado a tal da democracia para as calendas!

sexta-feira, agosto 19, 2011

A maior lavandaria de dinheiro do mundo ameaça falir!



Faz um tempo que venho falando - entre outros, neste post - da desconstrução e dissolução do sistema financeiro. Não é adivinhação, apenas observação e, até, experimentação!
Hoje tive acesso ao texto que transcrevo e que vem de encontro ao que tenho defendido.


"A MAIOR LAVANDARIA DE DINHEIRO DO MUNDO AMEAÇA FALIR!
Por Gilles Lapouge

A Suíça estremece.
Zurique alarma-se.
Os belos bancos, elegantes, silenciosos de Basileia e Berna estão ofegantes.
Poderia dizer-se que eles estão assistindo na penumbra a uma morte ou estão velando um moribundo.
Esse moribundo, que talvez acabe mesmo morrendo, é o segredo bancário suíço.
O ataque veio dos Estados Unidos, em acordo com o presidente Obama.
O primeiro tiro de advertência foi dado na quarta-feira.
A UBS – União de Bancos Suíços, gigantesca instituição bancária suíça viu-se obrigada a fornecer os nomes de 250 clientes americanos por ela ajudados para defraudar o fisco.
O banco protestou, mas os americanos ameaçaram retirar a sua licença nos Estados Unidos.
Os suíços, então, passaram os nomes.
E a vida bancária foi retomada tranquilamente.
Mas, no fim da semana, o ataque foi retomado.
Desta vez os americanos golpearam forte, exigindo que a UBS forneça o nome dos seus 52.000 clientes titulares de contas ilegais!
O banco protestou.
A Suíça está temerosa.
O partido de extrema-direita, UDC (União Democrática do Centro), que detém um terço das cadeiras no Parlamento Federal, propõe que o segredo bancário seja inscrito e ancorado pela Constituição federal.
Mas como resistir?
A União de Bancos Suíços não pode perder sua licença nos EUA, pois é nesse país que aufere um terço dos seus benefícios.
Um dos pilares da Suíça está sendo sacudido.
O segredo bancário suíço não é coisa recente.
Esse dogma foi proclamado por uma lei de 1934, embora já existisse desde 1714.
No início do século 19, o escritor francês Chateaubriand escreveu que neutros nas grandes revoluções nos Estados que os rodeavam, os suíços enriqueceram à custa da desgraça alheia e fundaram os bancos em cima das calamidades humanas.
Acabar com o segredo bancário será uma catástrofe económica.
Para Hans Rudolf Merz, presidente da Confederação Helvética, uma falência da União de Bancos Suíços custaria 300 biliões de francos suíços ou 201 milhões de dólares.
E não se trata apenas do UBS.
Toda a rede bancária do país funciona da mesma maneira.
O historiador suíço Jean Ziegler, que há mais de 30 anos denuncia a imoralidade helvética, estima que os banqueiros do país, amparados no segredo bancário, fazem frutificar três triliões de dólares de fortunas privadas estrangeiras, sendo que os activos estrangeiros chamados institucionais, como os fundos de pensão, são nitidamente minoritários.
Ziegler acrescenta ainda que se calcula em 27% a parte da Suíça no conjunto dos mercados financeiros offshore" do mundo, bem à frente de Luxemburgo, Caribe ou o extremo Oriente.
Na Suíça, um pequeno país de 8 milhões de habitantes, 107 mil pessoas trabalham em bancos.
O manejo do dinheiro na Suíça, diz Ziegler, reveste-se de um carácter sacramental.
Guardar, recolher, contar, especular e ocultar o dinheiro, são todos actos que se revestem de uma majestade ontológica, que nenhuma palavra deve macular e realizam-se em silêncio e recolhimento...
Onde param as fortunas recolhidas pela Alemanha Nazi?
Onde estão as fortunas colossais de ditadores como Mobutu do Zaire, Eduardo dos Santos de Angola, dos Barões da droga Colombiana, Papa-Doc do Haiti, de Mugabe do Zimbabwe e da Máfia Russa?
Quantos actuais e ex-governantes, presidentes, ministros, reis e outros instalados no poder, até em cargos mais discretos como Presidentes de Municípios têm chorudas contas na Suíça?
Quantas ficam eternamente esquecidas na Suíça, congeladas, e quando os titulares das contas morrem ou caem da cadeira do poder, estas tornam-se impossíveis de alcançar pelos legítimos herdeiros ou pelos países que indevidamente espoliaram?
Porquê após a morte de Mobutu, os seus filhos nunca conseguiram entrar na Suíça?
Tudo lá ficou para sempre e em segredo...
Agora surge um outro perigo, depois do duro golpe dos americanos.
Na mini cúpula europeia que se realizou em Berlim, (em preparação ao encontro do G-20 em Londres), França, Alemanha e Inglaterra (o que foi inesperado) chegaram a um acordo no sentido de sancionar os paraísos fiscais.
"Precisamos de uma lista daqueles que recusam a cooperação internacional", vociferou a chanceler Angela Merkel.
No domingo, o encarregado do departamento do Tesouro britânico Alistair Darling, apelou aos suíços para se ajustarem às leis fiscais e bancárias europeias.
Vale observar, contudo, que a Suíça não foi convidada para participar do G-20 de Londres, quando serão debatidas as sanções a serem adoptadas contra os paraísos fiscais.
Há muito tempo se deseja o fim do segredo bancário. Mas até agora, em razão da prosperidade económica mundial, todas as tentativas eram abortadas.
Hoje, estamos em crise.
Viva a crise!!!
É preciso acrescentar que os Estados Unidos têm muitos defeitos, mas a fraude fiscal sempre foi considerada um dos crimes mais graves no país.
Nos anos 30, os americanos conseguiram caçar Al Capone.
Sob que pretexto?
Fraude fiscal!!!
Para muito breve, a queda do império financeiro suíço!"

Eu vou mais longe e digo: para muito breve, a queda do império financeiro, ponto!

quinta-feira, julho 07, 2011

Maria José Nogueira Pinto (23.03.1952 / 06.07.2011)



Era demasiado católica e conservadora para o meu gosto, mas também tinha na mesma medida a combatividade, a coerência e a coragem que são do meu gosto.

Raramente concordava com ela e relativamente a questões como o aborto e o casamento entre pessoas do mesmo sexo não podíamos estar em posições mais opostas - quanto mais não seja porque sou lésbica e estou casada civilmente com uma mulher - mas não abdicava de a ouvir sempre que podia, porque dizia o que pensava, característica que a tornava temível no confronto com os seus adversários políticos!

Conservadora, sem dúvida, mas igualmente honrada e de grande dimensão ética. Uma Senhora!

R.I.P.


segunda-feira, junho 20, 2011

Gregos acidentais!



Por tudo quanto é canto ouvimos notícias dizendo que a colagem de Portugal ao que se passa na Grécia é uma realidade e, prova disso, é que cada vez que a Grécia solta uns gases, Portugal leva uma machadada. A nossa comunicação social fica à beira do ataque histérico e os jornalistas, economistas e quejandos viram os verdadeiros acólitos da desgraça.

Como se não bastasse eu já me ver grega para solucionar certas questões, agora virei grega não em lato sensu, mas em oeconomĭcus sensu!

Aqui são mostradas as diferenças entre Portugal e Grécia em termos de números. Mas as diferenças não se resumem aos números.

A língua portuguesa deriva do latim vulgar que foi introduzido no oeste da península Ibérica há cerca de dois mil anos. O grego é um idioma indo-europeu que conta com mais de três mil anos.

O povo português é pacífico, fatalista, resignado, tem um cagaço ancestral da autoridade, critica muito mas age pouco porque foi acostumado a viver com a ideia de que somos um povo de brandos costumes e, quando se chateia faz, no máximo, uns manguitos, critica em voz alta e, por fim, limita-se a contar umas piadas sentado junto com os amigos à mesa de uma esplanada a beber umas imperiais e a comer tramoços. O povo grego, pelo contrário, é mais optimista, combativo e quando se chateia organiza-se rapidamente e vem para as ruas bater-se, umas vezes contra as autoridades policiais e o poder instituído, outras nem sabe bem porque e contra o que ou quem se bate. Bate-se e pronto!

Ora porque raios nos querem colar à Grécia? O que temos nós de comum com a Grécia e os gregos? Nada! Então porque razão quando os gregos batem o pé e levam com as malfadadas empresas de rating que lhes baixam a notação financeira da dívida, Portugal leva por tabela? Porque os investidores são ignorantes? Não! Toda a gente sabe que os portugueses nunca falharam um pagamento dos empréstimos do FMI, são pacíficos, acagaçados e aguentam com tudo e mais alguma coisa de bico calado!

Então porquê?

Porque - acredito sinceramente nisto - há uma estratégia para afastar da União Europeia e do Euro, numa primeira fase, os países mais frágeis como Portugal, Irlanda e Grécia - que representam apenas 6% do PIB da zona Euro – e, numa segunda fase, acabar com a União Europeia que, apesar das boas intenções do Tratado de Roma que instituiu a CEE, não passou disso mesmo e virou uma desUnião completa!

Portanto, de pouco nos vai valer termos um novo governo de maioria com uma enorme vontade de mostrar, novamente, como os portugueses são gente séria e cumpridora dos compromissos que assume, porque há uma morte anunciada da UE.

E será que a saída da UE e o seu fim serão benéficos? Não faço a mínima ideia, mas começo a acreditar que mal por mal mais vale só que mal acompanhado!

Querem ver que ainda acabo por dar razão ao ditador de Santa Comba Dão que defendia com unhas e dentes o "orgulhosamente sós"? Irra, as conclusões a que chega uma grega acidental!

terça-feira, maio 24, 2011

Para refletir sobre o que não pode ser ignorado!

Portugal tem:

1 – A pior dívida pública dos últimos 160 anos – não incluindo as PPP (Parcerias Publico-privadas) e Empresas Públicas –
2 – A pior taxa de desemprego dos últimos 90 anos (duplicou em 6 anos)
3 – A maior dívida externa dos últimos 120 anos
4 – A dívida externa bruta em 1995 era de 40% do PIB; A dívida externa bruta em 2010 era de 230% do PIB (a subir)
5 – A dívida externa líquida em 1995 era de 10% do PIB; A dívida externa líquida em 2010 era de 110% do PIB (a subir)
6 – A DÍVIDA PÚBLICA em 2005 era de 82.000.000.000€; A DÍVIDA PÚBLICA em 2010 era de 170.000.000.000€ (a subir)

E ainda:

1- Nos últimos 10 anos tem sido o 3º país do mundo com PIOR CRESCIMENTO ECONÓMICO e o 4º país do mundo com MAIOR CONTRACÇÃO de DÍVIDA
2- Está actualmente no 4º lugar do TOP dos PAÍSES DO MUNDO EM RISCO de BANCARROTA
3- Em 2011 PORTUGAL, Grécia e Costa do Marfim serão os únicos países em recessão no MUNDO. Mas,
4- Em 2012 só PORTUGAL estará em recessão no MUNDO.

Margaret Tatcher disse: "o socialismo dura até se acabar o dinheiro dos outros". Terá ela alguma razão?

domingo, abril 17, 2011

Saudoso Brasil

Ai as saudades que este meu coração luso-brasileiro tem do Brasil, puxa vida!



Canção do amor que chegou (Vinícius de Moraes)

Eu não sei, não sei dizer
Mas de repente essa alegria em mim
Alegria de viver
Que alegria de viver
E de ver tanta luz, tanto azul!
Quem jamais poderia supor
Que de um mundo que era tão triste e sem cor
Brotaria essa flor inocente
Chegaria esse amor de repente
E o que era somente um vazio sem fim
Se encheria de cores assim

Coração, põe-te a cantar
Canta o poema da primavera em flor
É o amor, o amor chegou
Chegou enfim


quinta-feira, março 24, 2011

Goodbye Liz

Desde a minha adolescência que te admiro. Vi todos os teus filmes. Todos.
Acompanhei a tua rara beleza e o seu crepúsculo.
Acompanhei o teu imenso e diversificado talento.
Acompanhei as tuas loucuras e o constante casa descasa.
Mas acompanhei, também, a tua inegável solidariedade e enorme generosidade na luta contra as injustiças sociais, contra a homofobia e contra a Sida.
Ontem o teu grande coração parou. Tinhas 79 anos feitos no passado dia 27 de Fevereiro.
Tenho a certeza que de onde estiveres te deves estar a divertir dando aquela gargalhada que te era tão característica e a olhar, certamente, por aqueles que foram objecto da tua atenção e luta.
Espero que os "pobres de espírito" pertencentes a alguns grupos religiosos que te acusam de imoral - porque sempre lutaste pelos direitos dos homossexuais e pela dignificação dos portadores do HIV e doentes de Sida - se calem e deixem a tua família despedir-se de ti em paz e sossego.
Agradeço-te linda Elizabeth Taylor pelos momentos de extraordinário talento que me ofereceste.
Goodbye Liz!



sábado, março 12, 2011

Globalização = Corporocracia

Entrevista com o norte-americano John Perkins que se auto denomina um assassino económico. Segundo alega, a sua função era elaborar estudos económicos falsos, de modo a aliciar países previamente escolhidos a fazerem empréstimos de tal monta que se revelarão impagáveis no futuro e, assim, tornarem-se economicamente dependentes dos países e corporações credoras. John Perkins escreveu o livro "Confissões de um Assassino Económico" publicado em 2004 e traduzido para diversas línguas, inclusive português.

Nesta entrevista percebe-se o fenómeno da globalização ou corporocracia e, ainda, como os Estados Unidos manipulam os países que têm petróleo.

Dá para entender porque razão a maioria dos países produtores de petróleo têm uma população muito pobre e meia dúzia esbanjando dinheiro.

Parte I


Parte II


Se quiserem saber um pouco mais procurem no YouTube pelo título Zeitgeist 2 (Addendum, Acréscimos) os 13 vídeos. Vale a pena!


segunda-feira, janeiro 24, 2011

Abstenção



Faço parte dos 53,4% dos eleitores que não foram votar nestas presidenciais.
Dizem os (des)entendidos que tal facto se terá devido a problemas com o cartão de cidadão e, imaginem, ao frio! Se as eleições fossem no verão diriam que tinha sido porque o pessoal preferiu ir para a praia.
Tem estado um frio do cacete e não é por causa disso que deixo de sair para tratar do que é necessário!
No início de Novembro obtive o meu cartão de cidadão com alteração de morada e de estado civil e já estou inscrita na freguesia onde moro, portanto, parece-me abusiva a desculpa de que a emissão do cartão de cidadão e o frio que se faz sentir, serem os causadores da fuga às urnas por parte de mais de metade dos eleitores portugueses!
Também não colhe o argumento da falta de cidadania que considero uma atitude arrogante de quem está convencido que pode passar um atestado de falta de cidadania a 53,4% da população eleitora deste país!
Há alguns anos que sempre que há eleições sejam elas legislativas, presidenciais ou autárquicas que me desloco às urnas e o meu voto é nulo!
Contudo, os votos nulos e os votos em branco deixaram de ser contabilizados e apresentados, pelo que, os cidadãos como eu que não se revêm em nenhum partido político ou candidato ficaram sem voz!
Assim, a única forma que encontrei de mostrar à nossa classe política incompetente, medíocre, mentirosa e corrupta o meu protesto, foi não indo às urnas!
E é extraordinário como ninguém se debruçou seriamente na retirada de ilações, que qualquer país democrático, deveria fazer perante a elevada taxa de abstenção, preferindo escudar-se em desculpas de mau pagador como a emissão dos cartões de cidadão, o frio e a falta de cidadania!
Qualquer dia, a taxa de abstenção deixará de ser contabilizada ou, se o for, não será apresentada!
Estou farta da conversa sobre a falta de cidadania dos portugueses, pois se há falta de cidadania neste país, é da parte da nossa classe política e sucessivos governos que nos prometem o contrário do que fazem e se convencem de que a governação de um país, apenas serve para o seu governo e de mais alguns apaniguados, boys ou o raio que os parta a todos!